24 de fev. de 2010

Olhando pra Ele

Eu não posso ter tudo o que quero, mas eu sei que terei tudo o que preciso. Deus tem me dado muito, além do que eu preciso até. Eu sei que Deus não faz isso para me "conquistar" até poque Deus não precisa da minha atenção, mas ele me ama e além disso ele é bom e fiel. Ele não me ama pelo que eu faço ou deixo de fazer. Ele me ama e pronto.

Ele me surpreende a cada dia com a sua bondade e a sua fidelidade, e a cada dia que passa eu percebo que não posso viver longe dele. Eu preciso dele, eu vivo porque muito antes de tudo existir ele pensou em me criar, me dar uma vida, um corpo, um lar, um propósito. Ele pensou em mim, em cada dia da minha vida. Ele preparou surpresas para cada momento e eu só preciso perceber e entender que a vida é um presente.

Eu já tive medo de viver, medo de acreditar que mesmo em um mundo mau eu poderia ter o bem de várias formas. Talvez porque eu fechei os olhos e me escondi achando que poderia me livrar da vida. Mas enquanto há ar nos meus pulmões há propósitos para mim, motivos suficientes para eu continuar vivendo, acreditando no melhor e confiando no amor de Deus, que excede tudo e todos. É esse amor que me arrebata, me faz esquecer os meus medos e me lembra que eu sou Sua filha amada. É esse amor expresso dia-a-dia no universo, nos astros, na atmosfera, no ar, nos animais, nos sons, nas cores, nos gostos, no toque, nas palavras, nos olhares, nos sorrisos, nos afetos, na pequenez, na grandeza, enfim, em tantas formas, que me ensina a viver e a amar a vida.

Tudo o que eu preciso saber é que Ele está comigo. Tudo o que eu quero é estar onde Ele quer que eu esteja. Tudo o que eu quero é estar todos os dias no centro do amor do Pai, olhando pra Ele.

18 de fev. de 2010

O seu amor dura para sempre

 
"Não andem ansiosos com a vida, pelo que vão comer ou pelo que vão beber; nem com o corpo, pelo que vão vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que a roupa?
Olhem para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e o Pai celestial as alimenta. Vocês não tem muito mais valor do que elas?
E qual de vocês poderá, com todas as suas preocupações, acrescentar um centímetro à sua estatura?
E, quanto a roupa, por que andam preocupados? Olhem para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
E eu lhe digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vestirá muito mais a vocês, homens de pouca fé?
Não andem, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? 
(Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo o Pai celestial bem sabe que necessitam de todas estas coisas;
Mas, busquem primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas lhe serão acrescentadas.
Não fiquem inquietos, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."

Jesus (Mateus 6:25-34)

10 de fev. de 2010

O quarto


Por Joshua Harris

Normalmente eu não compartilho os meus sonhos, mas eu gostaria de falar sobre um que mexeu muito comigo...
Naquele estado entre estar acordado e estar sonhando, me encontrei em um quarto. Não havia nada que chamasse a atenção exceto por uma parede coberta de arquivos de gaveta com fichas. Eles eram como aqueles de biblioteca que listam os livros por autor ou assunto em ordem alfabética. Mas estes arquivos, que iam do chão ao teto e pareciam não ter fim em cada lado, tinham cabeçalhos muito diferentes. Ao me aproximar da parede de arquivos, o primeiro a me chamar a atenção foi um intitulado "Garotas de quem eu gostei." Eu o abri e comecei a passar o olho nas fichas. Rapidamente eu fechei a gaveta, chocado pelo fato de reconhecer os nomes que estavam escritos em cada ficha.
E então sem ninguém me contar, eu soube exatamente onde estava. Este quarto sem vida com os seus pequenos arquivos era um sistema de catalogação da minha vida. Aqui estavam anotadas as ações de cada momento meu, grande ou pequeno, com um detalhe que a minha memória não poderia igualar.
Fui tomado por uma sensação de admiração e curiosidade, acompanhada de horror, aquando comecei a abrir arquivos aleatoriamente e explorar os seus conteúdos. Alguns me trouxeram alegria e agradáveis memórias; outros uma sensação de vergonha e arrependimento tão intensa que até olhava por cima do ombro para ver se havia alguém observando. Um arquivo chamado "Amigos" estava ao lado de um marcado "Amigos a quem traí." Os títulos variavam de mundano até os mais esquisitos. "Livros que eu li," "Mentiras que contei," "Conforto que ofereci," "Piadas de que eu ri." Alguns eram até hilariantes na sua exatidão: "Coisas que gritei contra os meus irmãos." De outros eu não pude rir: "Coisas que fiz movido pela raiva," "Coisas que murmurei contra meus pais." Eu sempre ficava surpreso pelo conteúdo. Frequentemente havia muito mais fichas do que eu esperava. Algumas vezes havia menos do que eu desejava. Fui esmagado pelo volume completo de vida quehavia vivido. Haveria a possibilidade de eu ter tido o tempo nos meus vinte anos de escrever cada uma destas milhares, possivelmente milhões, de fichas? Mas cada ficha confirmava esta verdade. Cada uma delas estava escrita com a minha própria caligrafia. Cada uma assinada com a minha assinatura.
Quando eu abri o arquivo chamado "Canções que ouvi," eu me dei conta de que os arquivos cresciam em profundidade para caber o seu conteúdo. As fichas estavam guardadas bem apertadas, e ainda assim ao final de dois ou três metros, ainda não tinha chegado ao fundo da gaveta. Eu a fechei, envergonhado, nem tanto pela qualidade da música, mas pela enorme quantidade de tempo que eu sabia que aquele arquivo representava.
Quando cheguei a um arquivo chamado "Pensamentos Impuros," senti um frio correr pelo corpo. Abri o arquivo apenas uns dois centímetros, sem querer testar o seu tamanho. Arrepiei com o conteúdo detalhado. Me senti mal só de pensar em que um momento como aquele tinha sido registrado. De repente senti uma raiva quase animal. Um pensamento dominava a minha mente: "Ninguém jamais deverá ver estas fichas! Ninguém jamais deverá ver este quarto! Tenho que destruí-las!" Com uma fúria insana puxei o arquivo para fora. O seu tamanho não importava agora. Eu tinha que esvaziá-lo e queimar as fichas. Mas ao pegar o arquivo numa ponta e batê-lo no chão, não consegui deslocar nenhuma ficha. Fiquei desesperado e tirei uma ficha, apenas para descobrir que ela era forte como o aço quando tentei rasgá-la.
Derrotado e absolutamente desamparado, guardei o arquivo no seu lugar. Apoiando a testa contra a parede, soltei um longo suspiro de autocomiseração. E então eu o vi. O título dizia: "Pessoas a quem compartilhei o evangelho." O puxador estava mais brilhante que aqueles ao seu redor, mais novo, quase sem uso. Eu puxei a gaveta e saiu na minha mão uma pequena caixa de no máximo oito centímetros de comprimento. Eu podia contar as fichas em uma mão.
E então vieram as lágrimas. Comecei a chorar. Os soluços eram tão profundos que a dor começava no estômago e me sacudia todo. Caí de joelhos e chorei. Gritei sem constrangimento, por causa da esmagadora
vergonha de tudo aquilo. As fileiras de gavetas dos arquivos giravam em meus olhos cheios de lágrimas. Ninguém jamais deveria saber deste quarto. Eu devia trancá-lo e esconder a chave.
Mas então, ao limpar as lágrimas, eu O vi. Não, por favor, Ele não. Não neste lugar. Ô, qualquer um, menos Jesus.Eu assistia, sem poder fazer nada, enquanto ele começava a abrir os arquivos e ler as fichas. Eu não aguentava ver a Sua reação. E nos momentos em que consegui olhar na sua face, eu vi uma tristeza mais profunda do que a minha. Parecia que Ele intuitivamente ia para as piores caixas. Por que Ele tinha que ler cada uma delas?
Finalmente Ele se virou e me olhou lá do outro lado do quarto. Ele olhou para mim cheio de compaixão nos olhos. Mas esta era uma compaixão que não me deixou irado. Abaixei a cabeça, cobri o meu rosto com as mãos e comecei a chorar de novo. Ele se aproximou e colocou o Seu braço em volta de mim. Ele poderia ter dito tantas coisas. Mas não disse uma palavra. Apenas chorou comigo.
Depois Ele se levantou e voltou para a parede de arquivos. Começando em uma ponta do quarto, ele tirou um arquivo e, de um em um, começou a assinar o Seu nome em cima do meu em cada cartão. "Não" eu gritei, correndo em sua direção. Tudo que consegui dizer foi: "Não, não" enquanto tirava a ficha da sua mão. O nome Dele não deveria estar nestas fichas. Mas lá estava ele, escrito em vermelho tão rico, tão escuro, tão vivo. O nome de Jesus cobria o meu. Estava escrito com o Seu sangue.
Ele delicadamente pegou a ficha de volta. Ele sorriu um sorriso triste e continuou a assinar as fichas. Acho que jamais compreenderei como Ele o fez tão rapidamente, mas no próximo instante parecia que Ele fechava o último arquivo e voltava para o meu lado. Ele colocou a sua mão no meu ombro e disse: "Está consumado." Me levantei, e Ele me guiou para fora do quarto.
Não havia tranca na porta. Ainda havia fichas a serem preenchidas.