12 de mar. de 2011

O que aconteceu?


Um dia você acorda e percebe que o tempo passou muito rápido. As coisas mudaram ao seu redor e você nem sentiu. Mas agora, as coisas começam a clarear e tudo o que você vê é que aquelas cores maravilhosas que alegravam o seu dia não estão mais lá. Aí você se pergunta o que aconteceu?

Você sai da cama com os lençóis amarrotados de uma noite mal dormida, sua cabeça confusa pesa cheia de dúvidas e o seu corpo se arrasta com o coração vazio e então se pergunta o que aconteceu?

Você invade o corredor inquieto e procura o mesmo ambiente que um dia fora agradável e tranquilo. Mas as coisas mudaram. Está tudo de pernas pro ar e você se pergunta o que aconteceu?

Você pára pra pensar um pouco com as mãos apoiadas na parede e a cabeça entre os braços e se esforça pra lembrar o que houve na noite anterior. Mas não consegue lembrar porque não foi da noite pro dia que as coisas mudaram. Você anda pela sala empurrando as tralhas no chão com os pés e se pergunta o que aconteceu?

Logo lhe vem a mente uma saudade. Você sente falta de algo que habitava alí. Você sente falta de alguém que mantinha tudo em ordem, que preenchia aquele lugar e fazia tudo ser mais bonito. Você sente falta do cheiro bom que exalava pela casa, das risadas, da paz, da voz. Você sente falta do amor e se pergunta o que aconteceu?

Você procura no meio da sujeira e dos trapos empilhados nos cantos o que havia perdido. Você procura aquilo que levou a vida embora daquele lugar, mas não encontra. Ele não está aqui.

Com o choro entalado na garganta e um sentimento de perda e vazio que nunca havia sentido, você vai até a porta. E antes que você tocasse a maçaneta empoeirada, alguém bate suave toc, toc, toc. Você fica com medo de abrir, olha pra trás e vê todo aquele lixo e sente uma profunda vergonha. Você não quer que ninguém mais veja como está a sua casa.

Mas ele insiste e pergunta com uma voz muito doce e aconchegante tem alguém aí?. Você se assusta com essa voz e logo vem a sua mente várias lembranças ao mesmo tempo. Você lembra das cores, do cheiro, da beleza, da paz... e então lembra daquele amor. É ele! É ele! Você pensa entusiasmada e cheia de esperança. Mas novamente você olha pra trás e vê a sua vergonha. Você pensa em arrumar aquela bangunça, mas sabe que sozinha não vai conseguir. Você hesita em abrir a porta, mas não resiste. Você precisa dele.

Você toca na maçaneta suja, fecha os olhos e com a cabeça baixa abre a porta devagar. Ele tenta olhar nos seus olhos mas você tem vergonha. Então ele a cumprimenta Olá, minha querida... Seus olhos ficam marejados e tudo o que você quer é se desmanchar no seu abraço como muitas vezes já fez. Mas você está suja e com muita vergonha, então olha para ele e pergunta o que aconteceu?

Você está profundamente triste e confusa. Você não sabe como chegou naquela situação e sente muito por isso. Você não sabe o que aconteceu e gostaria muito de descobrir no meio de toda aquela desordem o que aconteceu?

Finalmente, você olha pra ele e se depara com aquele doce olhar a sua espera, e não consegue pensar em mais nada. A sua bagunça já não é mais a sua preocupação. A sua casa imunda estava tendo a chance de se tornar o lar mais limpo e agradável que você já teve. Ele quer que você esqueça o que aconteceu. Então ele faz uma pergunta que responde à sua confusão: Posso voltar para sua casa? Aí você entende...

Um comentário:

  1. Muito bonito mesmo. É uma forma excelente de contar o que acontece quando estamos distantes de Deus e temos "vergonha" de convidá-lo para estar conosco e "arrumar a nossa casa" quando estamos sujos pelo pecado. O pecado afasta o Homem de Deus, mas cabe a nós trazer a presença dele de volta.

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